20 setembro, 2007

Sem foco

Em Jornalismo, aprendemos a decidir o foco dos textos antes de sair escrevendo. Imagino que vou ouvir ainda mais sobre foco, nas disciplinas de Fotografia e nas muitas Redações Jornalísticas que me aguardam.
Numa reflexão que me é recorrente, percebi que há pouco mais de um ano perdi meu foco. Na primeira turbulência, resolvi mudar e abandonei tudo o que tinha traçado antes de sair da escola.
Lembro que há uns onze anos, quase morri afogada. Estava brincando na foz de um riozinho com familiares e resolvi entrar na água. De repente, senti que o chão se desfazia e não conseguia ver nada além da água turva, que me empurrava e não me deixava respirar. Subia algumas vezes, mas logo voltava ao fundo e tudo escurecia novamente. Não lembro quem me tirou da água, mas desde aquele dia, olho o mar com reservas.
Percebi que ultimamente tenho agido como se estivesse me afogando. Entro em desespero, tento emergir, mas não consigo, a não ser que alguém me puxe para a terra firme. Ou então, subo e me agarro à primeira idéia que aparece.
Acho que estas decisões em momentos de desespero só têm me feito perder cada vez mais o foco da minha vida. É difícil parar, respirar e decidir que enfoque minha vida vai ter. Mais difícil ainda, é perceber que o foco escolhido, na verdade não ficou tão claro, não saiu da maneira prevista e que nada mais relevante sobressai.
Queria poder fazer com a vida, o que o Sandro diz para fazermos com os textos: “Imprimam o texto, dêem um tempo, depois peguem uma caneta e rabisquem, cortem, mexam em tudo que for necessário. Depois, sentem na frente do computador de novo e reescrevam o texto”.
Pena que a vida não pode ser impressa, nem salva nos meios digitais, nem rabiscada e muito menos reescrita. Só temos a possibilidade de parar e recomeçar, do zero ou de quase nada, e então escrever os novos textos imperfeitos da vida.



Imagem: Paisagem com tempestade, Claude Monet.

3 comentários:

Luiz Longo disse...

Entendi errado ou tais arrependida de algumas escolhas?

Não sei o que dizer... Sinto-me muito culpado por tudo isso. Queria poder te ajudar mais...

Anônimo disse...

Lindo Sara! Sabe que ultimamente ando meio sem foco tbm... estou com vontade de jogar o óculos fora e amarrar uma bandana nos olhos, em todos os sentidos, literalmente. Perder o foco, perder a visão totalmente,quem sabe não seria a solução? É uma pena mesmo, a vida não pode ser passada a limpo. Infelizmente. Adorei, me identifiquei muito mesmo. Parabéns.
Abraço, Jaque Crivilatti

Aokittos disse...

Aff. tinha escrito um comentário bem legal. Mas deu pau e perdi..kkkk
Resumindo.
Na vida e na faculdade, muitas vezes perdemos o foco. Tente olhar adiante. Ver o que tem depois da montanha.
Você se cobra demais. Tem que relaxar um pouco. Não se preocupe com o professor Sandro. Ele é um chato mas é um profissional muito bom. Quem dera se todos os professores fossem iguais. Tenho certeza que ninguém vai lembrar dos péssimos professores. Vejo o Sandro com um desafio a ser superado. E sei que no fundo ele quer transformar esse bando de gente em bons profissionais.
Seu texto é muito bom, você escreve bem. Como já te disse, você tem jeito para a coisa.
Precisando de uma mão, pode segurar que a gente de puxa. Não vamos deixar você se afogar. Pode ter certeza