03 novembro, 2006

Desencontro



Mãos trêmulas, pensamentos rasos, gestos perdidos, espírito enevoado. Andando rápido, empurrando algumas coisas para o lado, deixando tantas outras para trás.
O tempo corre, a vida não espera, os caminhos chamam, as escolhas precisam ser feitas. E tudo isso vai se fazendo, com avidez, descaso, aos trancos e barrancos mesmo. Agarra-se tudo o que for possível, quando sobrar tempo vê-se o que é lixo.
O tempo parece melhor aproveitado quando se arruma a bagunça no trabalho e só então se percebe em que pé anda a bagunça na vida. Mas não há o que se possa fazer. Conversa-se um pouco, vê-se o que não está claro, o que atrapalha, o quanto as coisas estão erradas.
Seguem-se rusgas, desculpas, lágrimas (ou vice-versa) e depois de algum tempo, o ciclo se repete.
Com as repetições chega a perdição, o desencontro total. O que sobra? Mãos trêmulas, pensamentos rasos, gestos perdidos, espírito enevoado e lágrimas. Lágrimas carregadas de sentimentos: saudade, tristeza, desalento e talvez até, um pouco de alegria. Lágrimas de uma criança desatenta que se perdeu e já não sabe como voltar.
(Gravura: Relatividade, M. C. Escher)

Um comentário:

Luiz Longo disse...

Que triste...
Tô aqui, tá?
Espero poder te ajudar! ^^

Beijos