21 junho, 2007

Novas mídias, velhos hominídeos



Podcast é uma forma de distribuir arquivos de áudio e vídeo pela internet. O termo podcast vem da fusão de duas palavras: iPod, o tocador de arquivos digitais da Apple e broadcast, que significa transmissão em inglês. O podcast é composto por vários programas, ou episódios, que formam um seriado. Os arquivos ficam hospedados em um endereço na internet e, por download, chegam ao computador pessoal ou tocador. Os arquivos podem ser baixados no computador, no iPod, no celular ou em um PDA (computador de mão), para serem ouvidos a qualquer momento1.
A palavra podcast apareceu pela primeira vez em fevereiro de 2004 no jornal inglês The Guardian, como sinônimo de audioblog. Mas sua propagação foi tamanha que em dezembro de 2005, “podcast” foi eleita a palavra do ano pelo New Oxford American Dictionary.
Diante desta expansão tão rápida surgem vários questionamentos: quais os motivos deste "boom" tecnológico? Como controlar os inúmeros podcasts que oferecem download livre de músicas? E os direitos autorais, desaparecem com o download livre tão presente na rede? Para quê os podcasts podem ser úteis? E a questão mais díspar e que parece preocupar pouquíssimas pessoas: será que não estamos avançando demais na tecnologia e muito pouco em humanidade?
Esse “boom” tecnológico é motivado pelas empresas que produzem os tocadores de mídias, como a Apple e também porque os consumidores perceberam que os MP3 players poderiam ser usados não apenas para ouvir músicas. O download livre de músicas que são veiculadas nos podcasts fere muitas vezes os direitos autorais. Uma solução possível para esse tipo de problema é o uso de licenças como as
Creative Commons, que oferecem um meio termo entre liberdade de reprodução e a salvaguarda dos direitos do autor2.
Pensamos que a principal vantagem dos podcasts está na possibilidade de download simples, oferecida por este tipo de mídia. Desta forma, pessoas podem baixar os conteúdos do seu interesse e ouvir ou assistir quando tiverem tempo para isso. Os podcasts também podem ser usados como ferramenta educacional, como já é feito nas universidades de Harvard e Stanford.
Os podcasts também podem ser usados como veículos publicitários, por empresas que visam atingir determinado público. Empresas como Kaiser, Heineken e Costão do Santinho Resort utilizam-se de podcasts para estreitar o relacionamento com seus consumidores. Enfim, os podcasts, vêm crescendo assustadoramente, no entanto ainda não possuem a popularidade e a maturidade operacional que outras mídias digitais (como flogs, blogs, etc.) oferecem.
Agora deixando um pouco os podcasts de lado, pensamos que talvez todas essas novas mídias não estejam sendo muito bem utilizadas. Estas novas mídias poderiam ser utilizadas para conscientizar quem as acessa de que o mundo e a vida não podem se limitar à realidade da tela. Falar em blog, flog, podcast, TV digital, soa como se fôssemos cegos. Cegos por não perceber que todas essas tecnologias podem até fazer parte de nossas vidas, mas que não fazem parte da vida da maioria dos brasileiros ou da maioria da população mundial.
E essas novas formas de fazer mídia são um pouco estranhas, porque falam muito pouco ou nada da realidade. É muito fácil falar de novidades tecnológicas, de jornalismo cidadão (aquele onde qualquer pessoa pode fazer notícia), ou mesmo falar das desigualdades sociais de trás de um monitor para alguém que também está atrás de um monitor.
Difícil é se dar conta da realidade. Difícil é ser cidadão de verdade antes de ser jornalista. Difícil é pensar que também podemos ser culpados pelas desigualdades. Difícil é parar de falar e fazer (sem nos excluir disto). Difícil é ser ser humano de verdade.


[1] FOSCHINI, Ana Carmen; TADDEI, Roberto Romano. Podcast. Coleção Conquiste a Rede. Disponível em {Zero}Blog .
Imagem: Encontro, M.C.Escher.

Um comentário:

Luiz Longo disse...

Muito legal falar de conscientização.
As novas mídias vêm trazer uma liberdade que provoca as pessoas para que "se liguem". Enquanto as TVs e os Jornais manipulam a informação, os blogs, flogs, vlogs e podcasts vêm falar da realidade, mesmo que seja a realidade de um grupo pequeno de pessoas. Quebrando a corrente novelística de hipnose, acredito que estaremos mais próximos da conscientização que mencionas e da evolução comportamental que esperamos que aconteça.
Teu texto me passa justamente esta mensagem.
Agora botar tudo aquilo que pensamos, lemos, escrevemos, ouvimos e produzimos em prática, é uma tarefa árdua e demorada.

Mas devagar, a gente chega lá!