14 abril, 2008

Reflexão


Há momentos em que a felicidade é tanta, que chega a parecer irreal.
O difícil nessas horas é segurar as desconfianças e acreditar que tudo vai continuar perfeito.
E a incredulidade desperta o sentimento de que aquela felicidade não lhe é merecida.
E os segredos já não servem para manter as coisas funcionando como antes.
Porque antes, tudo era tranqüilo, tudo era emoção pura e alegria que calava.
Quando a insegurança acorda e traz com ela as coisas ruins de outrora. E a insegurança volta pior, muito pior.
Os olhos passam a abrir com mais freqüência.
Os ouvidos ficam atentos.
O cérebro capta mensagens que antes sequer percebia.
E de repente tudo o que era alegrias enfraquece. E a culpa disso, vem de dentro. Vem de achar que aquela felicidade não pode ser real. Vem do medo de que quando menos esperar aquele mundo de sonhos termine.
Então, ela passa a boicotar sua própria felicidade. Ou será que percebe que aquela felicidade não é tão real quanto imaginava?
E ao olhar-se no espelho percebe que já não há alguém que conhece ali, do outro lado, ao inverso. Ela tem medo de reconhecer que há uma estranha morando nela. Teme ainda que seja tarde demais para tentar entender a desconhecida.

Imagem: René Burri - Kun Ming Hu Lake, Summer Palace, Beijing, Chine. Magnum Photos.

Um comentário:

Luiz Longo disse...

Já escrevi sobre felicidade aqui, mas uma reflexão como esta só fiz em outro blog ou em pensamento.

A felicidade nada mais é do que um estado temporário. Não se pode ansiar que a felicidade seja permanente porque a mesma não existe pra quem não conhece a tristeza.

O que é preciso, como escrevi em "O que é ser feliz", é fazer os momentos bons mais duradouros e intensos que os ruins. E não se entregar a tristeza, pois ela também é passageira e necessária.