22 abril, 2008

Doçura


Aquela pequena criatura que a recebia sempre feliz é o que a faz ter um motivo para sorrir.
Quando abriu a porta e largou a mochila foi o pequenino que veio abraçá-la.
Foi ele, criaturinha fofa, que foi com ela até o quarto e ajudou a desfazer a mala e a colocar um pouco de ordem nas coisas.
Foi o bouai que falante a alegrava e fazia sentir como era bom estar de volta. O menino ainda guardou a mochila vazia na gaveta e disse: “Agora cabe aqui, né?”, como se sentisse certo alívio por saber que a mochila estava vazia e que ela não ficaria mais longe.
Buscou chocolate e disse que era dos dois, do Rique e da Sara. Guardou a escova de dentes dela e depois foram juntos brincar.
Ficou tarde e ela decidiu que os dois precisavam de um banho. Juntos foram preparar o banho, primeiro o dele. Ligou o chuveiro e a banheirinha começou a se encher de água morna. Tirou o papapá e mais as roupinhas e lá foi ele faceiro pegar os brinquedos do banho.
Pra alegria maior dele havia um brinquedo vivo, um “jacaré” – que nada, era só uma lagartixinha – que se converteu na principal atração do banho. Depois do sabonete, esponja e xampu que não arde os olhos, veio a melhor parte. Com a coragem dos pequeninos, o bouai foi lá e pegou a lagartixa para colocá-la num potino (traduzindo: potinho).
Ela não conseguia acreditar naquilo, começou a rir muito. O bebê estava eufórico, mas a lagartixa teve que ser salva, porque senão a coitada ia morrer afogada. Terminado o banho, vestiram o pijama e partiram para ritual de adormecer.
Primeiro a dedê (mamadeira), depois o pedido mais fofo: “Vamos ninir com a Sara?”. É impossível recusar um pedido vindo de uma criatura tão doce. E lá foi ela, desligou a TV, pegou o travesseiro, ajeitou o pequenino em sua cama e deitou ao lado dele. Depois de muito falatório o pequenino adormeceu com afagos no cabelo e ela também, sentindo-se a pessoa mais abençoada do mundo por ter aquele anjinho do seu lado.
Imagem: M.C. Escher. Cada vez menor.

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