18 outubro, 2006

Estréia

Essa é minha estréia no blog!
Resolvi postar um texto que escrevi em abril e que pode até parecer meio vago ou oco. Mas este texto tem uma importância especial: de certa forma, foi "Uma questão de umbigo" que me conduziu à realidade que vivo hoje.
Espero que ele agrade, aí vai:

Uma questão de umbigo


A melhoria efetiva do mundo não é utopia. Quem, em algum momento da vida já não acreditou que pode tornar o mundo melhor? Quem, já não sentiu uma necessidade latente de agir, de lutar contra algo que considera injusto? E quem satisfez essa necessidade de fazer algo por um mundo melhor? Sentiu uma fisgada na consciência? (Eu também sinto essa fisgada às vezes...) Mas por que transformamos a visão do errado em ilusão de óptica? Por que nos limitamos a ter esperança em um futuro melhor? Por que colocamos a necessidade de mudar tão distante da atitude de mudança?
Todos nós já acreditamos que poderíamos mudar o mundo. Desde as brincadeiras da infância, onde éramos heróis que salvavam o mundo dos piores vilões, no furor da adolescência, onde a rebeldia nos dava coragem e hoje, quando olhamos os noticiários, quando vemos a realidade à nossa volta, percebemos que é preciso fazer alguma coisa pra salvar o mundo urgentemente.
Mas não fazemos nada. Afinal de contas, mudar o mundo é missão da ONU, é coisa para os políticos fazerem, o governo é que tem a obrigação de melhorar as coisas, não é? Não, não é. O mundo pede socorro... É preciso salvá-lo dos abismos sociais e de todos os tipos de injustiças, não podemos nos dar ao luxo de esperar por grandes atitudes de mudança que venham de cima.
O máximo que o governo poderia fazer já está feito, temos muitos “programas sociais” (que beneficiam muita gente que não precisa de benefício), temos propaganda de “bom exemplo” no horário nobre, temos políticos ocupados demais votando seus aumentos salariais e cobrando seus "mensalões"... Será que a preocupação do governo com a melhoria do mundo vai além disso?
E a sua preocupação, e a minha preocupação com a construção de um mundo melhor, onde estão? A minha preocupação, a sua preocupação, é com os nossos umbigos. Achamos que o mundo todo deve girar em torno dos nossos umbigos. “Eu sou o centro do meu universo e só o que eu preciso é que o meu universo esteja de acordo com as minhas vontades. O mundo e suas injustiças não são problemas meus.” É assim que pensamos, por mais que tentemos disfarçar, negar...
Limitamo-nos a viver nossas vidas, esperando que outros façam as melhorias. Esquecemo-nos que de nada adianta ver o erro sem tentar fazer nada para corrigi-lo. Arranjamos uma série de desculpas para evitar fazer alguma coisa: não temos tempo, não sabemos o que fazer, é muita responsabilidade para nós, e finalmente, a desculpa mais usada, a melhoria do mundo é utopia.
Acredito que a melhoria do mundo não seja utopia, ela pode vir a partir de um conjunto de pequenas atitudes contínuas. Atitudes essas, que se baseiam num único princípio, um princípio conhecido no mundo todo, que possui milênios de existência: “Ama o teu próximo, como se fosse a ti mesmo”. Essa é a melhor definição de respeito que existe. A pessoa que disse isso, conhecia muito bem a natureza egocêntrica do ser humano e o quanto é difícil (e por isso chega a ser nobre) se desprender do ego para respeitar.
Melhorar o mundo é apenas uma questão de consciência. Consciência de que o mundo precisa de mudança, consciência de que essa mudança vem do respeito (a tudo o que nos rodeia), consciência de que o respeito precisa ser atitude, não ideal.
A melhoria do mundo não é utopia.
Utopia é o que nós vivemos. Utopia é conseguir dormir à noite sabendo que a grande maioria da população mundial vive abaixo da linha de pobreza. Utopia é acreditar nos nossos políticos. Utopia é ver todas as barbaridades sociais que nós vemos e acreditar que elas estão distantes. Utopia é ignorar a realidade. Isso é utopia
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