Atrofia

A falta de exercício mental atrofia o cérebro. Não sou neurologista(óbvio) e, é por experiência própria que afirmo que a falta de exercício mental atrofia os pensamentos. Depois de uma semana sem escrever, sinto que quase não consigo fazê-lo. Que nó nas idéias, vontades, sentimentos, projeções!
É um perigo... as férias são um convite quase irrecusável à atrofia mental. Ah, como é bom não ter que pensar em nada, não ter que se preocupar com coisas por entregar em prazos curtos...
Trabalhe, chegue a casa, sente-se em frente à TV e assista àquele telejornal famoso nacionalmente. Convenhamos, é um informativo anestésico. Ninguém reage com o que é dito neste gênero de telejornal. É possível sentir, quase tocar o efeito narcotizante, de mantenedor do "estados das coisas" dos mass media. Barbaridade tchê!
Ouvi uma vez a seguinte frase: “Pensar dói.” Ô se dói! É claro que dói! Principalmente se esquecermos que o pensamento existe e depois de certo tempo resolvemos retomá-lo. Esquecer de pensar é como sentar-se muito tempo sobre sua própria perna. Ela vai ficar “dormente”, e nas primeiras tentativas de movimento ela vai doer.
É muito cômodo e comum saber das notícias, ter conhecimento do que se passa (seja bom ou ruim), e não tomar nenhuma atitude pela melhoria. Existe uma pequena grande distância entre ver o que precisa ser mudado e fazer algo para mudar o que é necessário. Sabe com o que se encurta esta distância? Reflexão.
Estamos atrasados, a muito já passou da hora de exercitar nossos pensamentos, questionar o que vemos, avaliar nossas atitudes e deixar de lado nossas não-atitudes.

Gravura: "Outro mundo II", Maurits Cornelis Escher